sábado, 25 de julho de 2009

Honduras: Auto-Retrato

Confesso-vos que, por culpa desta indisciplina típica da América central, tive que ler mais qualquer coisa para ficar a perceber o que, de facto, se está a passar nas Honduras. Confesso-vos também que, apesar de me ter informado melhor, continuo a achar este golpe militar bizarro. Mas sou um cidadão europeu, deve ser por isso.

Pelo que percebi, o que se passa neste país é o seguinte: Manuel Zelaya era o presidente a exercer mandato que, segundo alguns artigos soltos que li, preparava uma revisão constitucional controversa, por culpa do prolongamento dos mandatos presidenciais. É aqui que entra uma nova personagem, Roberto Micheletti, líder do exército hondurenho. O que este último senhor decidiu fazer foi catapultar o seu país para a ribalta com a aplicação de um golpe militar, que viria a destituir Zelaya, obrigando o presidente em funções a exilar-se na vizinha Nicarágua. A culpa? Essa é da revisão constitucional, sem dúvida. Isto tudo parece-me um pouco forçado, mas sou um cidadão europeu, deve ser por isso.

O que mais me intriga neste triste cenário americano é o povo. É justamente por causa do povo hondurenho que decidi perder algum tempo a escrever este artigo sobre gente que não penso merecer atenção. Mas a situação do povo deste país é verdadeiramente preocupante. Pelo que fui percebendo, a popularidade de Manuel Zelaya não parece justificar, nem de perto nem de longe, um golpe militar. Nas ultimas semanas, não se contam as manifestações da população das Honduras com vista ao regresso do seu presidente, aquele que foi eleito democraticamente. E, apesar deste pequeno pormenor, a vontade do povo, Micheletti não recua e insiste num moralismo totalmente desproporcionado e sem fundamento.

Por outro lado, longe deste nacionalismo irracional e dono de um projecto revolucionário no seu país (subida do salário mínimo para 230 dólares, diminuição da pobreza absoluta em 10%, entre outras medidas), Zelaya continua com o estatuto de presidente deposto, com várias tentativas falhadas de regresso. A última ocorreu durante o dia de ontem, quando avançou a fronteira com Nicarágua, tendo que minutos depois voltar para o seu refúgio, temendo ser capturado pelo regime imposto por Micheletti.

Quanto tempo necessitará a América Central/Sul para perceber que está na hora de mudar? Quanto tempo demorará a perceber que não é com estas intervenções que se modifica o que quer que seja? Quanto tempo será preciso esperar para assistir a uma mudança de mentalidade? Tudo isto me soa a antigo, a velho, a ultrapassado. Mas sou um cidadão europeu, deve ser por isso.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

José Sócrates e o Défice

Assistimos, ontem, a mais um triste episódio da série "Sócrates no país das maravilhas". O tema em discussão era o défice na corrente legislatura, quando o Primeiro Ministro decidiu contemplar o povo português com uma frase que caracteriza a sua postura na política e no governo, passo a citar "Está para nascer um Primeiro-Ministro que tenha feito tanto pelo défice como eu".

Ao longo do dia, várias foram as reacções de lideres políticos à declaração de José Sócrates. Entre outros, Jerónimo de Sousa respondeu na mesma moeda, dizendo que está para nascer um Primeiro-Ministro que gere mais desemprego do que actual. Um duro golpe, que certamente não obterá resposta do PM.

A governação de José Sócrates neste mandato faz-me lembrar a escola de futebol holandesa. Apostar tudo no ataque e tentar fazer do mesmo a melhor defesa. O que este Primeiro-Ministro tenta fazer é isso mesmo, é essa a sua estratégia. As declarações proferidas durante o dia de ontem só podem surpreender aqueles que não se informam ou se recusam a encarar a verdade. Na cabeça deste Primeiro-Ministro, que importância terá saber que duzentos mil professores protestam nas ruas? Terá relevância ouvir o que reivindicam? O que importa são os bons resultados nos exames nacionais, está claro. Ou a modernização dos meios tecnológicos nas escolas, sim porque estes trabalham sozinhos, o que importa os recursos humanos e a sua situação profissional?

Este rumo político está tão explicito que, até na hora do adeus de Manuel Pinho, pouco importou a sua péssima actuação com as PME ou as suas declarações lamentáveis ao longo do mandato. O que interessou realçar foi o Projecto Tecnológico, a grande inovação deste governo. É assim que Sócrates gosta de governar, exaltando um ou dois feitos para cobrir três ou quatro erros, mesmo que se tratem de erros graves, como este exemplo.

Cinema Fora do Sítio - 10ª Edição

A décima edição do "Cinema Fora do Sítio" está perto de terminar, mas mesmo assim gostaria de abordar esta interessante iniciativa da Câmara Municipal do Porto.

Como o próprio nome indica, a passagem dos filmes seleccionados é feita em locais onde não estamos habituados a assistir a um bom filme. A edição deste ano conta com obras consagradas como "O Estranho Caso de Benjamin Button", de David Fincher ou "Anjos e Demónios", de Ron Howard, recentemente lançado. Para além das longas-metragens mais mediáticas, trabalhos incriveis como "Gran Torino", de Clint Eastwood ou "Mulholland Drive", de David Lynch também já foram apresentados nesta edição.

"Cinema Fora do Sítio" trata-se de uma iniciativa cultural louvável, um conceito que agrada à população portuense e que é apresentado sem quaisquer custos, percebendo-se assim o esforço da autarquia em dinamizar a cultura na cidade.

Cartaz da edição Cinema Fora do Sítio 2009:
(Inicio das sessões - 22h)

3 de Julho - Anjos e Demónio (Praça General Huberto Delgado);
4 de Julho - Intriga Internacional (Praça da Batalha);
10 de Julho - Grand Torino (Passeio Alegre);
11 de Julho - A Doce Vida (Praça Dr. Francisco Sá Carneiro);
17 de Julho - O Estranho Caso de Benjamin Button (Jardim João Chagas);
18 de Julho - Mulholland Drive (Jardins do Palácio de Cristal);
24 de Julho - Uma História Simples (Praça Mouzinho de Albuquerque);
25 de Julho - Exterminador Implacável: A Salvação (Parque da Cidade);
31 de Julho - Dancer In The Dark (Av. do Brasil, junto à praia do Homem do Leme);
1 de Agosto - Quem Quer Ser Bilionário (Praça da Ribeira, junto ao Cubo).

Mais informações sobre esta iniciativa, consultar o site www.portolazer.pt

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dead Weather - Horehound (Lançamento)

The Dead Weather é uma banda recém-formada nos Estados Unidos, constituída por: Alison Mosshart na voz (The Kills, Discount), Dean Fertita na guitarra (Queens Of The Stone Age), Jack Lawrence no baixo (The Raconteurs), e o aclamado Jack White na bateria (The White Stripes e The Raconteurs).

O álbum de estreia, lançado há pouco mais de uma semana, intitulado "Horehound", oferece-nos uma sonoridade bem ao estilo dos seus membros. Ao longo dos onze temas, o rock and roll está omnipresente, com a voz incomparável de Alison, as guitarras distorcidas de Dean, as linhas de baixo de Lawrence, e a criatividade de Jack White na bateria.

Depois de ouvir várias vezes este magnífico trabalho destaco alguns temas, entre eles "Treat Me Like Your Mother", "I Cut Like A Buffalo", ou a versão de "New Poney", orginal do lendário Bob Dylan.

"Horehound" dos Dead Weather já está nas bancas e recomenda-se vivamente.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pensamento Crónico - Apresentação

"Pensamento Crónico" surge da necessidade do autor encontrar um espaço onde seja possível expor as suas ideias, opiniões e interesses. O espaço indicado para a aplicação deste conceito é, sem dúvida, a blogosfera, pois trata-se de um meio de comunicação livre, onde é proporcionado o debate, a interacção.

Ao longo das publicações serão abordados temas de âmbito geral, tais como: política, música, desporto, cinema, entre outros.

Gostaria de salientar que este espaço tem como único objectivo proporcionar a opinião, o debate e a partilha de conhecimento.

Até breve,
Rafael Côrte-Real